domingo, 20 de setembro de 2009

O cheirinho de terra molhada...

... me trouxe lembranças gostosas.
De quando eu andava descalça na enxurrada,
tomando chuva e rindo a valer.

Do cheirinho gostoso do café de minha mãe,
feito no coador de pano, bolo de baunilha no forno, um friozinho dentro de casa, janelas fechadas e sensação gostosa de aconchego e proteção.

Saudade do bolinho de polvilho que minha avó fazia
com tanto carinho, e de suas histórias à noite,
sobre lobisomem
e mulas sem cabeças
que soltavam fogo pelas ventas.
E me lembro bem,
que eu dormia agarrada a ela,
cheia de medo!

Saudades de quando jogava futebol no campinho
perto de minha casa,
e de um dia memorável, pois chovia,
e fizemos uma guerra de lama,
foi incrível,
o difícil foi chegar em casa naquela cor.

Saudades de meus cadernos de poesias,
onde escrevia versos de celebridades,
mesmo não entendendo muito bem,
achava aquilo bonito e profundo,
mas, se me pedissem para explicar,
não saberia!

Saudades dos primeiros livros,
como eu devorava ávida,
as páginas, tentando entender cada trecho,
carregando sempre um dicionário
para as milhares de palavras desconhecidas.

Saudades das minhas grandes promessas,
meus sonhos de ser veterinária, de viajar o mundo e não repetir alguns erros de minha mãe!
Saudades sadias, que recordo com encanto e amor.

Não desejo que o tempo volte.

Não me culpo por erros cometidos, pelo menos tento.
Fiz o que achei melhor.
Vivi da melhor maneira possível.
E, muitas vezes, foi com os erros que aprendi
a ser melhor e não tornar a repetí-los...


Hoje, ainda cultivo essa alma criança,
ainda tomo chuva,
e me delicio com isso,
corro feliz pelas ruas,
me lembrando da infância despreocupada e livre.
Faço café e adoro o aroma que se espalha pela casa.
Em dias de frio, coloco para assar,
pães de queijo que me lembram Minas.
Aconchego-me no edredom
e presto muito atenção no som da chuva e dos ventos.
Lembro dos versos que minha avó me ensinou,
músicas de cantiga de roda,
tento relembrar também o gosto dos doces
que ela fazia...


Gosto, amo viajar para lugares diferentes,
observar tudo o que posso e fotografá-los
em minha memória...


Amo os animais, não sou veterinária.
O sonho era de menina.

Hoje lido com gente e amo isso!
Não jogo mais bola,
ando de bicicleta na praia,
de moto na orla
e de carro nas estradas,
tudo para sentir que estou indo,
indo para algum lugar,
cheia de sonhos,
planos,
desejos e amor,
carregando comigo toda uma história de vida,
que me fez ser quem sou.


Respeito meu passado.
Essa era eu.


Hoje faço meu presente.
Essa sou eu.


Amanhã, também serei eu,
até quando minha presença nessa terra for necessária
e se encaixar nos planos de Deus!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

E no silêncio da casa....

só escuto o teclar dos meus dedos.
Que sensação boa, estar sozinha e não se sentir sozinha.
Diante de mim uma tela, com infinitas janelas que podem ser abertas, infindáveis informações a espera de espectadores e um mundo todo no ar, virtual.
Que delícia esse poder do clique...
Que eu tenha muito ainda memórias para abranger tantas informações preciosas...

Tantas coisas a aprender,
tantas informações a compartilhar, é isso mesmo,
o conhecimento estagnado é morto,
não tem valor!
Que meus dedos ágeis e curiosos
me levem sempre para os melhores caminhos,
ou melhor, janelas!